por Brisa Pinho (original em inglês aqui)
Quando você está profundamente envolvida em algo é difícil enxergar claramente e ouvir conselhos dos outros. É difícil focar em uma solução quando você está sendo consumida pelo problema. É a diferença entre jogar a assistir uma partida de xadrez. É muito mais fácil ver o xeque-mate quando não é você que está jogando. Foi o que aconteceu comigo nos últimos cinco anos.
Eu gastei todo o meu fôlego com um homem, incapaz de ouvir aqueles que me assistiam lutar. Passei cinco anos fazendo tudo que podia para forçá-lo a me amar e, no processo, esqueci como amar a mim mesma. Por cinco anos eu fui atrás, eu implorei. Chorei. Nada funcionava. Ele aparecia quando queria sexo mas me mandava embora quando resolvia seu problema. Era um ciclo infinito de depressão e humilhação.
Destruí minha reputação e massacrei minha dignidade com um comportamento maluco, e ainda não conseguia entender porque ele me tratava com tão pouco cuidado. Mas como ele poderia não agir assim? Se eu me tratava com tão pouco amor e respeito, porque ele me trataria diferente?
Ainda assim, eu não conseguia parar. Eu tinha medo que se eu parasse ele iria me esquecer. Por cinco anos eu vivi com medo de perder alguém que eu amava profundamente mas nunca tinha realmente tido.
Em meio ao caos e paixão que era o nosso relacionamento vai e volta, eu engravidei. Todos ao meu redor me pressionaram pra fazer um aborto. Sabia que estavam preocupados comigo, mas não era só por mim. Eu não sei se era porque eu estava carregando uma criança de um homem que eu tinha amado por tanto tempo ou se foi por culpa, mas eu tinha que manter o nosso filho.
E mesmo que a única consistência na vida do meu ex fosse seu padrão de não criar seus filhos, eu cegamente acreditei que ele fosse criar o nosso. Enquanto todo mundo me dizia que ele sumiria novamente, eu lhe dei um voto de confiança. Destruí amizades e briguei com aqueles que ousaram acusar o seu caráter.
Eu estava errada.
No momento em que lhe contei a novidade, ele deixou claro que não iria me apoiar. Ele me feriu no momento mais vulnerável da minha vida. Meses depois, ele disse que me amava.
Ficamos nesse jogo de ida e volta durante toda minha gravidez. Eu me sentia em um eterno cabo de guerra emocional. Era exaustivo. Era humilhante. Doloroso. Mas toda vez que ele ia embora eu ia atrás porque era o única coisa que eu sabia fazer.
Eu o procurava por medo.
Eu o procurava por mim.
Eu o procurava pelo nosso filho.
Eu o procurava pelo lar e família que eu tinha construído na minha mente por tantos anos.
Eu o procurava pela vergonha de como os outros me veriam. A possibilidade das pessoas pensarem que eu não valia a pena para ele depois de ter engravidado era mais do que eu podia suportar.
E o mais importante: Eu o procurava porque eu estava emocionalmente doente.
Embora eu conseguisse atraí-lo mais algumas vezes depois que meu filho nasceu, apenas para ser afastada semanas depois, eu ainda tinha esperança que um dia ele fosse acordar e se dar conta de que me amava. E nós três finalmente seríamos uma família.
Isso nunca aconteceu, é claro. Meu filho e eu nunca tivemos essa família, e agora eu sei que nunca vamos ter. Eu acho que a pior parte dessa provação de cinco anos foi aceitar que a minha perspectiva era só uma fantasia que eu mesma tinha criado. Na maior parte do tempo, eu me apeguei à ideia de amor e ao meu ex. Eu coloquei ele e a nossa conexão em um pedestal. Eu idolatrava e adorava cada parte dele.
Mas quando ele me bloqueou em sua vida, deixando nosso filho sem pai, o pedestal foi caindo, destruindo cada sonho e cada bom sentimento que eu tinha por ele. Foi duro chegar nos meus amigos e dizer “vocês estavam certos”. Foi mais difícil ainda encarar que, na realidade, ele é bem menos que perfeito.
Em partes, eu me odeio por ter aguentado por tanto tempo. Eu poderia ter salvado anos de sofrimento e galões de lágrimas se eu tivesse apenas aceitado que eu não poderia fazer que ele me amasse. Passei anos e anos me questionando porque ele não podia me amar. Passei outro ano tentando forçá-lo a ser um pai.
Se apenas eu tivesse tentado com mais força. Se eu tivesse sido melhor. Se. Se… Levei anos para aceitar que as ações dele não tinham nada a ver comigo. Assim como meu comportamento descontrolado e minha instabilidade emocional estavam além dele, suas ações eram sobre ele e somente ele.
Ele teve seus primeiros dois filhos com 20 e poucos anos. Então ele teve seu terceiro filho com outra mulher no final dos seus vinte anos, e teve nosso filho no meio dos seus trinta anos. Quatro crianças. Três mulheres diferentes. Três conjuntos de circunstâncias e momentos na vida dele. E o mesmo resultado.
Nunca foi sobre meu filho e eu. Não há nada que eu pudesse ter feito. Não há nada que eu poderia ter sido. O resultado ainda seria o mesmo: Ele indo embora. Ou, mais precisamente, ele nos mandando embora.
Agora ele está comprometido com outra pessoa. Como esperado, alguém sem filhos. E ele está comprometido com ela - o que prova que quando um homem quer se comprometer, ele vai se comprometer. Não há necessidade da gente implorar e ficar indo atrás. Se um homem não quer se comprometer com você ou com seu filho, ele apenas não te ama. Pode parecer duro, mas é a vida.
Amar alguém que não nos ama de volta, ou até pior, alguém que ama outra pessoa, é a coisa mais dolorosa do mundo. O mais importante que podemos fazer por nós mesmas é aceitar que certas coisas estão além do nosso controle e assumir a responsabilidade pelas coisas que estão.
Precisamos ouvir aquela voz interior que nos diz que merecemos ser amadas. E precisamos aceitar que algumas pessoas jamais vão nos amar, não importa o que façamos. O luto e a dor eventualmente vão passar. E isso vai abrir a porta para encontrarmos alguém que vai nos amar de verdade e nos dar tudo o que queríamos com aquele ex.
Mas primeiro precisamos desistir da esperança. Nunca vai ser do jeito que a gente quer. Aquela pessoa que você está esperando não vai simplesmente acordar um dia e perceber que te ama esse tempo todo. Desistir da esperança é a parte mais difícil de seguir em frente, mas é a mais importante.
Não podemos reclamar de alguém nos tratando mal se nós seguimos voltando. E não podemos reclamar sobre o tempo perdido se continuamos andando em círculos. Se eu tivesse passado os últimos cinco anos usando a mesma quantidade de energia para mim mesma que usei perseguindo, controlando e tentando fazer o ex me amar, eu agora seria presidente desse país.
Nunca terei esses cinco anos de volta. Foi uma imensa perda de tempo e um imenso esforço desperdiçado.
Tempo perdido é vida perdida.