terça-feira, 29 de novembro de 2022

Você não pode fazer alguém te amar nem se comprometer com você

por Brisa Pinho (original em inglês aqui)





“Dói deixar ir, mas, algumas vezes, dói mais segurar” (Desconhecido)

Quando você está profundamente envolvida em algo é difícil enxergar claramente e ouvir conselhos dos outros. É difícil focar em uma solução quando você está sendo consumida pelo problema. É a diferença entre jogar a assistir uma partida de xadrez. É muito mais fácil ver o xeque-mate quando não é você que está jogando. Foi o que aconteceu comigo nos últimos cinco anos.


Eu gastei todo o meu fôlego com um homem, incapaz de ouvir aqueles que me assistiam lutar. Passei cinco anos fazendo tudo que podia para forçá-lo a me amar e, no processo, esqueci como amar a mim mesma. Por cinco anos eu fui atrás, eu implorei. Chorei. Nada  funcionava. Ele aparecia quando queria sexo mas me mandava embora quando resolvia seu problema. Era um ciclo infinito de depressão e humilhação. 


Destruí minha reputação e massacrei minha dignidade com um comportamento maluco, e ainda não conseguia entender porque ele me tratava com tão pouco cuidado. Mas como ele poderia não agir assim? Se eu me tratava com tão pouco amor e respeito, porque ele me trataria diferente?


Ainda assim, eu não conseguia parar. Eu tinha medo que se eu parasse ele iria me esquecer. Por cinco anos eu vivi com medo de perder alguém que eu amava profundamente mas nunca tinha realmente tido.


Em meio ao caos e paixão que era o nosso relacionamento vai e volta, eu engravidei. Todos ao meu redor me pressionaram pra fazer um aborto. Sabia que estavam preocupados comigo, mas não era só por mim. Eu não sei se era porque eu estava carregando uma criança de um homem que eu tinha amado por tanto tempo ou se foi por culpa, mas eu tinha que manter o nosso filho.


E mesmo que a única consistência na vida do meu ex fosse seu padrão de não criar seus filhos, eu cegamente acreditei que ele fosse criar o nosso. Enquanto todo mundo me dizia que ele sumiria novamente, eu lhe dei um voto de confiança. Destruí amizades e briguei com aqueles que ousaram acusar o seu caráter. 


Eu estava errada. 


No momento em que lhe contei a novidade, ele deixou claro que não iria me apoiar. Ele me feriu no momento mais vulnerável da minha vida. Meses depois, ele disse que me amava. 


Ficamos nesse jogo de ida e volta durante toda minha gravidez. Eu me sentia em um eterno cabo de guerra emocional. Era exaustivo. Era humilhante. Doloroso. Mas toda vez que ele ia embora eu ia atrás porque era o única coisa que eu sabia fazer.    


Eu o procurava por medo.

Eu o procurava por mim.

Eu o procurava pelo nosso filho. 

Eu o procurava pelo lar e família que eu tinha construído na minha mente por tantos anos.

Eu o procurava pela vergonha de como os outros me veriam. A possibilidade das pessoas pensarem que eu não valia a pena para ele depois de ter engravidado era mais do que eu podia suportar. 

E o mais importante: Eu o procurava porque eu estava emocionalmente doente.


Embora eu conseguisse atraí-lo mais algumas vezes depois que meu filho nasceu, apenas para ser afastada semanas depois, eu ainda tinha esperança que um dia ele fosse acordar e se dar conta de que me amava. E nós três finalmente seríamos uma família. 


Isso nunca aconteceu, é claro. Meu filho e eu nunca tivemos essa família, e agora eu sei que nunca vamos ter. Eu acho que a pior parte dessa provação de cinco anos foi aceitar que a minha perspectiva era só uma fantasia que eu mesma tinha criado. Na maior parte do tempo, eu me apeguei à ideia de amor e ao meu ex. Eu coloquei ele e a nossa conexão em um pedestal. Eu idolatrava e adorava cada parte dele.


Mas quando ele me bloqueou em sua vida, deixando nosso filho sem pai, o pedestal foi caindo, destruindo cada sonho e cada bom sentimento que eu tinha por ele. Foi duro chegar nos meus amigos e dizer “vocês estavam certos”. Foi mais difícil ainda encarar que, na realidade, ele é bem menos que perfeito. 


Em partes, eu me odeio por ter aguentado por tanto tempo. Eu poderia ter salvado anos de sofrimento e galões de lágrimas se eu tivesse apenas aceitado que eu não poderia fazer que ele me amasse. Passei anos e anos me questionando porque ele não podia me amar. Passei outro ano tentando forçá-lo a ser um pai. 


Se apenas eu tivesse tentado com mais força. Se eu tivesse sido melhor. Se. Se… Levei anos para aceitar que as ações dele não tinham nada a ver comigo. Assim como meu comportamento descontrolado e minha instabilidade emocional estavam além dele, suas ações eram sobre ele e somente ele.


Ele teve seus primeiros dois filhos com 20 e poucos anos. Então ele teve seu terceiro filho com outra mulher no final dos seus vinte anos, e teve nosso filho no meio dos seus trinta anos. Quatro crianças. Três mulheres diferentes. Três conjuntos de circunstâncias e momentos na vida dele. E o mesmo resultado.


Nunca foi sobre meu filho e eu. Não há nada que eu pudesse ter feito. Não há nada que eu poderia ter sido. O resultado ainda seria o mesmo: Ele indo embora. Ou, mais precisamente, ele nos mandando embora. 


Agora ele está comprometido com outra pessoa. Como esperado, alguém sem filhos. E ele está comprometido com ela - o que prova que quando um homem quer se comprometer, ele vai se comprometer. Não há necessidade da gente implorar e ficar indo atrás. Se um homem não quer se comprometer com você ou com seu filho, ele apenas não te ama. Pode parecer duro, mas é a vida.


Amar alguém que não nos ama de volta, ou até pior, alguém que ama outra pessoa, é a coisa mais dolorosa do mundo. O mais importante que podemos fazer por nós mesmas é aceitar que certas coisas estão além do nosso controle e assumir a responsabilidade pelas coisas que estão.


Precisamos ouvir aquela voz interior que nos diz que merecemos ser amadas. E precisamos aceitar que algumas pessoas jamais vão nos amar, não importa o que façamos. O luto e a dor eventualmente vão passar. E isso vai abrir a porta para encontrarmos alguém que vai nos amar de verdade e nos dar tudo o que queríamos com aquele ex. 


Mas primeiro precisamos desistir da esperança. Nunca vai ser do jeito que a gente quer. Aquela pessoa que você está esperando não vai simplesmente acordar um dia e perceber que te ama esse tempo todo. Desistir da esperança é a parte mais difícil de seguir em frente, mas é a mais importante. 


Não podemos reclamar de alguém nos tratando mal se nós seguimos voltando. E não podemos reclamar sobre o tempo perdido se continuamos andando em círculos. Se eu tivesse passado os últimos cinco anos usando a mesma quantidade de energia para mim mesma que usei perseguindo, controlando e tentando fazer o ex me amar, eu agora seria presidente desse país. 


Nunca terei esses cinco anos de volta. Foi uma imensa perda de tempo e um imenso esforço desperdiçado.


Tempo perdido é vida perdida.


terça-feira, 7 de junho de 2022

Mirtes,

Informo que tomei o própolis que você recomendou. Espero que me fortaleça em algo. Apesar de cada dia mais com mais peso, me sinto definhar. Mas, como você diz, vamos dar tempo ao tempo. Comprei as vitaminas, bebi água o suficiente e estou de saída para uma caminhada.


Me perdoe o tom solene, um tantinho sombrio. É que hoje amanheceu às avessas por aqui. Acordei de madrugada com um susto que não sei definir. Pra respirar, tomei um comprimido que me derrubou por toda a manhã. Lembro que você sempre diz que um dia ruim é só mais um dia. Estou tentando passar por ele sem grandes alardes.


Está tudo bem e muito difícil, Mirtes. Não preciso te contar uma história que também é sua. Mas, nas horas da repetição em busca de uma cura, só posso falar com você. 


As pessoas têm fome. Ninguém vê, eu os escuto. Na minha cama confortável, com minhas paredes seguras, eu ouço o abismo. A fome, o desamparo. O conformismo de esperar acabar essa festa em que eles nos devoram as entranhas, a pele, os ossos. Vai passar, mas o que sobrará de nós? Quantos restarão com forças para receber o novo dia?


Eu não vou morrer de fome, Mirtes. Mas não sei a quantas migalhas vão me reduzir. O meu coração bonito, minha falta de aptidão pra calendários, meus versinhos de amor, o brilho da minha voz nos salões, minhas mãos quentes. Não sei se haverá água para reerguê-los depois de tanta seca. 


Mas hoje, Mirtes, é só um dia ruim. Chá quente, alguma bobagem na tela e um bom banho devem bastar. E você fique bem. Que Deus te guarde nesse canto sagrado, neste refúgio florido que o mundo gosta de esquecer. 


Ate que o enfim chegue, Mirtes. Boa noite!


terça-feira, 17 de agosto de 2021

O c* do pedestre rebelde


A Praça Cívica de Goiânia, marco zero, cartão postal e meu local de trabalho, está em reforma. Especificamente, seu anel de circulação interno, o que impede o acesso de carros e pedestres aos prédios do “miolo”. Foram reservadas duas entradas para pedestres, o que alongou o meu caminho e de mais um monte de gente. 

Todos os dias ao chegar e ir embora, eu e alguns colegas avaliamos a possibilidade de dar uma “puladinha”, de atravessar no local das obras. Mas a partir de hoje venho aqui jurar solenemente nunca mais me atraver a essa façanha. Não, nada a ver com a placa de aviso, o perigo das máquinas ou a terra vermelha que adere firmemente na sola do sapato. O que me convenceu foi o cu de um desconhecido. 

Enquanto eu procurava estacionamento, vi um homem pulando a pequena mureta, concluindo sua travessia ilegal, com tamanha falta de destreza, flexibilidade ou qualquer tipo de coordenação, que ele se desmontou inteiro, mesmo estando em pé. Camisa pra cima, calça pra baixo, perna emperrada, barriga fugindo e, de repente, metade de seu cú exposto para toda a cidade. Não digo rêgo ou bumbum porque, juro, eu e uma avenida lotada vimos metade de seu cu. Um nude ao vivo não solicitado iluminado pelo sol a pino das 13h.

Não tem foto, gente, me agradeçam. Tem a muretinha aí pra servir de exemplo do falta de destreza do pedestre de cometer rebeldia tão baixa. Depois dessa, faço meu caminho mais longo feliz da vida, preservando o cós da minha calça no lugar e contribuindo com o andamento da obra sem acidentes. 




Ps: *Nota sobre a Praça Cívica*

Desde que me conheço por moradora de Goiânia, o local é alvo de polêmicas. Obra atrás de obra vem pra melhorar a vida do pedestre, com erros e acertos, e pra condenar o servidor público pela ousadia de trabalhar e querer estacionar nas proximidades. Geralmente, a reforma vem, acaba com vagas e a prefeitura sai proibindo o estacionamento num raio de 2km, jogando o servidor diretamente nas mãos dos estacionamentos superfaturados, flanelinhas e na emoção de tentar adivinhar que dia tem fiscalização. Aguardando o resultado dessa vez sem muita animação. 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Normal de luto

A vida normal não vai voltar. Talvez você esteja no luto continuado dessa pandemia que não termina ou tenha a sorte de não ter perdido ninguém. Mas aí você vai ali numa loja que gostava e não a encontra mais. A dona pegou covid e morreu. O marido assumiu a loja, pegou covid e morreu logo depois. A filha sobreviveu, mas decidiu fechar as portas. "Aqui nessa rua, ó, fechou tudo", você vai ouvir. Números de celulares desconectados. Órfãos, viúvos precoces. Gente abalada demais pra ser simpática. Isso é a vida normal a partir de agora.

Nem deu pra juntar os cacos, o que resta de nós precisa continuar. Sem parar pra pensar, ainda temos que conviver com o coronavírus nessa grande fábrica de variantes, com a crise econômica, o pesadelo medonho do governo federal e seus efeitos a cada esquina. 

Do alto do privilégio de ter passado quase ilesa pela covid, de ter a família poupada e ostentando bravamente a primeira dose no braço, queria vir aqui te oferecer, querido leitor ou leitora, uma palavra de consolo se você estiver triste com ou sem motivo aparente, se você também está achando pesado ser protagonista desse momento histórico que nem te perguntou se você aceitava participar da trama. 

Queria ter vindo antes, queria estar disponível pra mais gente. Mas a verdade é que estou usando tudo o que tenho. Amparando quem eu posso, brigando com quem consigo, distribuindo um dinheirinho aqui e ali pra ajudar, segurando minha própria onda. Porque mesmo no modo super easy da pandemia, não tá fácil. A vida ao meu redor finge que está tudo bem, mas lá estou eu com o coração aos pulos acompanhando boletins médicos, números que sobem rápido demais, que avançam com muito custo, tentando esquecer de tudo que a gente tem saudade e ainda não dá pra fazer. Nem sonho mais com carnaval. Por enquanto, me basta mais um dia. 



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Bode


Sentimento é um treco engraçado, não marca hora e não segue um roteiro pra bater na sua cara. Hoje eu acordei infeliz, não como definição de pessoa. Eu não sou infeliz, mas hoje estou. Sem um motivo específico, ou talvez com o motivo de sempre mais agudo, mais real. 

Leio jornais, vejo tv, o mundo está uma bosta, mas o Brasil tem seu jeitinho peculiar de me deixar descrente. Bolsonaro e seus ministros ainda estão no poder, destruindo tudo que veem pela frente com um sorriso cínico, sinal de arminha e a complacência de quem fez essa "escolha difícil". Não vou me conformar com isso n u n c a.

Olho pros livros na fila de leitura com uma esperança de que serão melhores. Fiz um acordo com o atual de terminá-lo primeiro, mesmo irritada. "Minha vida de Rata" é bom, mas me dá nos nervos. Quero saber o final, mas também bater na personagem principal e narradora. Tem passagens que ela fala de sentimentos e imagens de uma forma muito viva, em outros se perde tentando ser mais dramática do que precisa. Mas vou terminar, cacete!

E aí o corpo cobra por comida e não posso cometer o mesmo erro de ontem e da semana passada, de passar muito tempo sem comer e depois dar um apagão. Nesse dia de bode, eu acho que as pessoas imaginam (que pessoas? Não sei) gente gorda comendo sem parar, se enfiando em cheddar, refrigerante e nutela o dia todo, e talvez tenha gente gorda assim, mas não é meu caso. E falo de gorda não pra debater a categoria obesos, senso estético, gordofobia, nada disso. Estou falando em pessoas que pesam mais de 60kg e tem dificuldade de vestir P. Gente como eu, que quer emagrecer e não é muito fácil. Que pode ser considerada magra, normal ou gorda dependendo da foto, da roupa, enfim. Gente que ficou de fora dos favoritos de Deus, que podem viver de sorvete e batata-frita sem perder calças jeans.

Eu queria falar que sei o sentido da vida. Indicar séries e livros. Dançar na sala. Mas hoje acho que nem combina. Além do mais, tô com um pé meio prejudicado. Vivo ensaiando para falar da grande maravilha, rara e perfeita que ganhamos de presente: O planeta Terra. Sério, não precisa estudar astronomia a fundo. Só dá uma olhada nos vizinhos Vênus e Marte. A Terra é tão absolutamente generosa com nossos corpos frágeis de seres humanos que tínhamos que passar o dia inteiro saudando a mandioca e tudo mais que tem por aqui. Mas o Brasil está derrubando a Floresta Amazônica. Compactando solos. Ferrando com o ciclo de chuvas do Cerrado. Destruindo o Araguaia e outros rios. Tudo isso enquanto batem no peito com orgulho e riem dos "ecochatos".

Como se destruir a natureza não nos incluísse, como se a gente não fosse bicho. Talvez exista um refúgio garantido com ar condicionado e wifi quando acabarem com tudo, mas tenho certeza que eu não vou ter acesso a essa área vip. E tô aqui falando como classe média branca e privilegiada. Ter dinheiro pra pagar os boletos não me torna especial ou protegida da destruição avassaladora que está em curso. 

Pensando aqui nesse dia de chatice, talvez o gatilho ou gota d'água tenha sido encontrar um negacionista da pandemia ontem no elevador. Puta que o pariu, minha gente, quase um ano que pandemia e tenho que escutar que "é só estar com a imunidade boa que não pega nada". Eu ainda tive energia pra retrucar: "É, mas como eu vou sair por aí testando imunidade de todo mundo?". Ah, gente, pelo amor. Está mais do que claro, claríssimo, que vem aí uma segunda onda de coronavírus, e a gente nem saiu da primeira! Mais uma leva de gente que vai ter Covid-19. Talvez os hospitais estejam mais preparados, talvez menos gente morra. Mas eu continuo com o firme propósito de não pegar. E, se pegar, não passa pra frente. 

"Ai, Agatha, mas você acabou de ir pra praia". Fui sim. Tive que romper isolamento pra viajar e me aglomerar por causa do trabalho, então peguei férias e fui ter cuidado lá na Bahia. Uma semana pra respirar, usar máscara na beira-mar (tenho fotos) e cuidar da minha saúde mental. Porque precisamos de fôlego pra esperar a vacina, precisamos seguir os protocolos. O mundo é injusto e nem todo mundo pode ir respirar na praia. Tem gente que mora em pequenos paraísos particulares e outros que não tiveram um só dia de folga e sossego. Tem profissional na linha de frente. Tem entregador que se arrisca pra sobriver e trazer meus lanches. Então, eu que ganhei o bônus de ter ido pra praia mesmo com máscara cirúrgica, atraso de avião e álcool gel, reuni alguma energia pra rever os protocolos e me preparar pro que vem. Paciência, cuidado, comprando algumas brigas e escrevendo textão em dias de bode. Sigamos juntos, mas não me incomodem hoje. Beijos! 

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Gratiluz, obviedades e as melhores máscaras pra arrasar no look da quarentena



Estilo de texto boom, efeito de fonte editável | Vetor Premium

Meditação
Eu tinha notado antes que minha rua é tão barulhenta? Não, com certeza isso é implicância de quem fica muito tempo em casa. Comecei a detestar todos os estabelecimentos que fazem anúncios com carro de som (especialmente a pizzaria que já falei mal antes). Sei que entregadores são absolutamente essenciais nesse período de isolamento, mas o vrummmmvrummmm das motos me irrita. Alarme de carro disparando. Caminhão passando na quadra de baixo. Barulho de obra. Concentra, Agatha. Pensa que pelo menos uma parte da economia continua girando. Pensa no bem estar geral. No seu delivery de pamonha. E agradece o dia que você comprou aqueles fones maravilhosos que isolam o mundo exterior. Obrigada, universo, por ter criado a Xiaomi (quem tem dinheiro pra Airpod?!)

#Gratiluz
woman, work, laptop, home, office, workspace, workplace, working ...

Por falar em agradecer ao universo, nunca estive tão feliz com meu emprego. Além de ser possível trabalhar de casa, ter o que fazer me ajuda a manter a saúde mental, me sentir produtiva e a diferenciar os dias úteis dos finais de semana. Talvez eu esteja viciada no esquema capitalista dessa sociedade, mas, em tempos de pandemia, acho importante reconhecer meu lugar de privilégio.

Obviedades
Desde o início do coronavírus, a imprensa vem repetindo a ladainha do isolamento, de lavar as mãos, usar máscara, álcool em gel e etc. Pra quem, como eu, trabalha com comunicação governamental, é a mesma coisa. Todo texto tem um serviço que mudou com o corona, uma lista online, um trabalho remoto, drive thru etc. Uma amiga até brincou esses dias que escreveu um texto inteiro sem mencionar o vírus e achou estranho. Eu também fiz uma nota policial sem relação com a pandemia e quase taquei lá que a polícia, além de combater o coronavírus, prendeu uma quadrilha.

E mesmo com tanta informação, tanto boletim, nota, reportagem especial, anúncio, campanha e o escambau, tem gente desinformada. Fiquei sabendo que uma mulher pegou corona no trabalho. Ficou em casa, evitou sair, não teve sintomas graves, mas não se isolou do marido, que é motorista de ônibus. Agora ele está doente. Poxa vida, gente.

Dá uma moralzinha pra imprensa, vai? Acredita na gente. Estamos trabalhando muito pra informar e dar segurança pra vocês, seja o pessoal do governo, jornais, televisão, rádio, web e etc. Quando chegar uma notícia pelo zap, dá uma conferida se faz sentido. "Amiga, me ajuda a te ajudar!"

Isolamento hard
Mulher na cama, olhando surpreso debaixo do cobertor | Foto Premium
E é por ver tanta notícia, vídeos de especialistas e previsões matemáticas que estou apertando meu próprio isolamento. Fiz um estoque razoável de comida e remédios. Troquei o pacote de internet e tv por um melhor. Recusei convites. Dei razão pra quem brigou comigo por sair demais no início. Esse é o maio ªminha casa, minha vida". Goiás hoje está ostentando o pior índice de isolamento do país (37%) e eu não vou dar chance pras famílias inteiras que vão passear no supermercado espirrarem em mim. Se saiam!

Regime
Cute and funny cheese chunk character showing love

Tem um debate bem necessário na sociedade que é a pressão estética pela magreza. Podemos falar disso uma outra hora, não quero pressionar nem incentivar ninguém a emagrecer. O fato é que, com a academia fechada e minhas compulsões me rondando, fiquei morrendo de medo do meu descontrole durante o isolamento. Minha tendência é abraçar com gosto queijos, massas e vinhos. Passei por uns dias de ansiedade maluca e TPM, comi horrores, me senti culpada, me perdoei, fiz um programa de malhação, abandonei, voltei.. Uma saga. Daí consegui dar uma equilibrada e perdi meio quilo, que é muito pouco, mas é uma vitória simbólica. Enquanto estiver nesse estado de equilíbrio, vou segurando as pontas. Deixo um desconto guardado pros dias que não conseguir. Meu objetivo principal é sobreviver à pandemia. Proteger os meus. Se der, sem aumentar o peso. Se não der, tudo bem também.

Máscaras
Gente, como as blogueiras chamam quando testam os produtos e depois vem contar? Bem, pra terminar esse post, vai aí minha opinião sobre as máscaras que testei. Tem queridinha e reprovada. E tem que usar!

Confira ;)


  • Roupa íntima


Essa máscara de gosto estético duvidoso foi minha primeira. Parece um bojo de sutiã e é bem firme. Meu primo encontrou em uma farmácia e comprou umas 15, que dividimos entre eu, ele e minha mãe. Protege bem e pode ser melhor ajustada ao rosto se passar o elástico por 2 furos laterais. A vantagem do elástico passar pela cabeça é não acentuar e até disfarçar a tal da "orelha de abano".


  • Pano

















Essa de pano simples eu ganhei de uma prima médica. É bem confortável e eu gosto dela ser grande, então não sai do rosto fácil e dá pra falar um pouco melhor com ela no rosto. O elástico dela vai na orelha, então fica chato usar brincos. Como o recomendado é nem usar acessórios ao sair de casa, essa mini argola só está aí é só porque eu já estava usando em casa pra participar de uma chamada de vídeo.


  • A preferida 



Minha mãe encontrou essa belezinha com um vendedor parado com uma caminhonete no Setor Crimeia Leste, em Goiânia. Comprou 2, adorou e depois comprou mais pra família. Ela é de malha, super confortável e fácil de lavar. O elástico vai na orelha, então depois quero testar se coloco um maior pra passar pela cabeça. Como saio pouco de casa, essa puxada nas orelhas não me incomoda tanto (e ficar com a orelha ainda mais de abano é o novo normal, já me acostumei).


  • Reprovada

















Olha, nem me dei ao trabalho de amarrar os elásticos dessa. É bem feita, bem costurada, e a única que usei tem uma linda estampa florida (que não achei pra tirar foto). Mas usei do lado invertido, porque o forro é "peludo" e a agonia é grande demais. Meu primo disse que deu uma queimada de leve nela por dentro com isqueiro pra tirar a sensação de pelos, mas eu não me arrisco a essa façanha. Vai pra doação mesmo.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Maio chegou

Bolin
Quem tem cachorro em casa, sabe que falar com ele/ela é absolutamente corriqueiro. Por muito tempo, eu dei remédios pra Belinha escondidos em um tomate cereja. Pra aumentar o índice de aceitação do tomate, eu costumada dar um "tomate grátis", ou seja, um tomate sem remédio. Mas por esses dias o tomate não anda funcionando muito bem e o novo campeão dos remédios é um muffin pra cachorros que eu compro na Petz. De vez em quando, ela morde bem no meio do remédio e eu perco a moral. Por isso, estabeleci o "bolinho da confiança", que segue o mesmo esquema do tomate grátis. E ontem gritei pra senhora que estava do meio do corredor: "Vem comer seu bolinho da confiança!". Funcionou.

Heroína da resistência
Ano passado, com o diagnóstico de câncer, foi dada uma previsão de 3 a 6 meses de vida pra Belinha. Agora ela completou 1 ano de doença e 15 anos de vida. Como disse um amigo, Belinha chega firme à nova era do planeta. Com seus tomatinhos e muffins, com sua fome inacabável, seus olhos pidões por qualquer coisa que eu esteja comendo, com seus resmungos à noite com a posição do cobertor, esse digníssima cachorra da raça que até hoje eu tenho que olhar no google pra escrever - dachshund - é uma excelente companhia para a quarentena. Mesmo que eu fique escravizada limpando a casa pelo descontrole dos seus esfíncteres, eu não me arrependo de nada, de nem um dia com ela. Pensei mesmo que ficar de home office me possibilita acompanhar seus últimos dia e te dar o máximo de conforto possível. Até quando der.

Jantas das Manas
Um das vantagens da minha quarentena (e da minha vida) é ter uma família muito festeira com habilidades gastronômicas e sociais muito superiores às minhas. Por isso, as últimas quintas-feiras foram marcadas pelo grandioso evento "Jantar das Manas", com figurino e cardápios pré-estabelecidos e presenças virtuais pontuais. Achei a receita do macarrão de quinta tão maravilhosa que repeti no domingo. Meu plano é fazer várias vezes até que saia como algo natural que eu faço sem o menor esforço. Tipo, ah, vou fazer "aquele meu macarrão". A conferir.

Alquimia
A melhor (e por enquanto única) compra online que fiz por esses dias foi do meu sabonete favorito. Demorou um mês pra chegar, mas isso não importa agora. Antes da quarentena, eu já era muito ligada a cheiros, especialmente de sabonetes, desodorantes, xampus etc. Com essa história de lavar as mãos um milhão de vezes, fiquei meio obcecada. Passo o sabonete, esfrego, levo as mãos perto do nariz e respiro fundo. No final do dia, o banho da noite com meu sabonete de benjoim é quase um ritual sagrado. Melhor ainda é que o banheiro fica cheiroso muito tempo depois do banho. Cada doido com sua mania, mas pelo menos a minha é recomendada pela OMS.

Entretenimento
Coisas que vi por esses dias e recomendo:

Filme:Adoráveis Mulheres - Filme 2019 - AdoroCinema

Depois de procurar conteúdo grátis, acabei alugando no Now pra ver com a família. O filme é lindo, as personagens são maravilhosas. A gente ri e chora. No final, eu ficava gritando: "Vai, minha filha, que eu não paguei R$ 18,90 pra passar raiva com você". Sim, o tal do "tô pagando" deixa a gente mais exigente.


Livro:Canção De Ninar - Saraiva

História de uma babá que mata duas crianças. Não é spoiler, o crime está na primeira frase do livro. O interessante é a construção da história. A sociedade que condena mulheres, mães que trabalham, as que ficam em casa, babás sem passado, crianças iguais. Achei a escritora excelente.

Série Netflix:

A série “Nada Ortodoxa” d.C. - Lídia Schinor Dutra - Medium

Achei interessante por ver a sociedade judaica de perto. Uma série pesada e tensa, mas cheia de beleza. Me peguei torcendo loucamente pela personagem principal. Faz uns dias que eu vi, mas como a repercussão continua entre meus amigos, lembrei de recomendar aqui hoje.

Você não pode fazer alguém te amar nem se comprometer com você

por Brisa Pinho ( original em inglês aqui ) “Dói deixar ir, mas, algumas vezes, dói mais segurar” (Desconhecido) Quando você está profundame...